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Foto do escritorMariana Abrahão

Você conhece as mamangavas-de-chão?

Atualizado: 8 de ago.

O termo "mamangava", significa "abelha de grande porte". As espécies mais conhecidas são as "mamangavas-de-toco" que são abelhas do gênero Xylocopa, muito importantes para a polinização do maracujá, e as "mamangavas-de-chão", que são as abelhas do gênero Bombus.


Os ninhos das mamangavas-de-chão geralmente são encontrados na superfície do solo. Após selecionar um sítio de nidificação, ou seja, um local para construir seu ninho, a rainha construirá um pote de cera onde armazenará o néctar que ela coletará nas flores e, em seguida, construirá sua primeira célula de oviposição. Quando as primeiras larvas eclodirem elas serão alimentadas pela rainha; porém, assim que as operárias se desenvolverem a rainha abandonará as atividades de campo, que serão realizadas pelas operárias. A colônia começa a se desenvolver lentamente, sendo que as posturas ocorrem em intervalos de dois a onze dias.


Conforme a população de operárias aumenta, a rainha vai perdendo sua dominância sobre elas, o que leva ao aparecimento de operárias com ovários desenvolvidos que constroem células de oviposição. Na tentativa de manter sua dominância, durante algum tempo, a rainha agride as operárias constantemente. Não conseguindo manter sua dominância, a rainha passa a destruir as posturas realizadas pelas operárias, abrindo as células e comendo os ovos presentes.


No momento em que a rainha não mais consegue impedir o desenvolvimento dos ovos, dá-se o início da produção de machos e rainhas. Iniciada essa fase, a produção de operárias é interrompida e todos os indivíduos produzidos daí em diante serão machos e rainhas. As novas rainhas serão produzidas a partir de posturas realizadas pela rainha velha enquanto os machos serão produzidos pela rainha e também pelas operárias. Os machos começam a emergir antes das rainhas e à medida que saem para o campo pela primeira vez, a partir dos quatro dias de idade, não mais retornam.


As novas rainhas podem ser fecundadas e, em média, permanecem na colônia por trinta dias embora algumas possam permanecer por até setenta dias. A rainha velha pode ser morta pelas operárias antes ou após a emergência das rainhas filhas. Quando mais de uma rainha inicia postura na colônia materna, elas começarão a se agredir de forma que apenas uma permanecerá na colônia. Cada ciclo biológico das abelhas do gênero Bombus demora, em média, seis meses, chegando a produzir de 500 a 600 operárias durante o ciclo biológico.

O uso indiscriminado de agrotóxicos na agricultura e o desmatamento faz com que as populações diminuam cada vez mais. Além disso, a agressividade da espécie faz com que muitas pessoas destruam seus ninhos, o que é totalmente desnecessário, já que a abelha só ataca quando é perturbada. Abelhas do gênero Bombus têm se mostrado como efetivos polinizadores de muitas culturas agrícolas, como por exemplo melão, berinjela, abóbora, pimentão e morango, portanto desempenham um importante papel ecológico e econômico.


As mamangavas são ativas o ano todo e costumam reutilizar antigos ninhos, podendo permanecer em áreas de cultivo por gerações. Porém, necessitam de uma grande variedade de flores para conseguirem suprir sua dieta, o que reafirma a necessidade de preservamos os remanescentes florestais e reservas legais nas áreas de cultivo, pra que essas abelhas tenham fontes de recurso o ano todo e possam continuar nos auxiliando a por comida na mesa.


Ninho de Mamangava-de-chão (Bombus sp.)

Texto e imagem: Mariana Abrahão


Referências

Camillo, E. & Garófalo, C.A. 1989. Analysis of the niche of two sympatric species of Bombus (Hymenoptera, Apidae) in southeastern Brazil. Journal of Tropical Ecology, 5: 81-92

Dias, D. 1960. Notas sobre um ninho de Bombus construído acima do chão (Hymenoptera, Apoidea). Rev. Bras. Biol., 9: 147-153.

Laroca, S. 1972. Sobre a bionomia de Bombus brasiliensis (Hymenoptera, Apoidea). Acta Biol. Par. Curitiba, PR,1: 7-28.

Taylor, O.M. & Cameron, S.A. 2003. Nest construction and architecture of the Amazonian bumble bee (Hymenoptera: Apidae). Apidologie, 34: 321-331.

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