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Foto do escritorMariana Abrahão

Mãe é mãe em qualquer espécie: cuidado parental em aranhas

Todo comportamento, materno ou paterno, de cuidado com a prole, até que ela alcance a independência física, é chamado de cuidado parental. O cuidado parental aumenta a probabilidade de sobrevivência dos filhotes e, consequentemente, aumenta o sucesso reprodutivo da espécie. O cuidado parental pode ter início antes mesmo do nascimento da prole. É o caso do preparo de ninhos, tocas e outros abrigos para receber os filhotes ou ovos.

Diversos artrópodes exercem cuidado parental. Os principais benefícios do cuidado parental são a proteção da prole contra o ataque de predadores, redução do risco de desidratação de ovos, (criando microclimas com maior umidade, ou levando os ovos para locais mais úmidos), e aumento da oxigenação dos ovos (movimentando os ovos para que ocorram as trocas gasosas com o ambiente). Em aranhas o cuidado parental varia bastante, abrangendo desde o cuidado com os ovos, gerado pelo envolvimento dos ovos em seda (ooteca), até a captura de alimento para os filhotes. A ooteca é um invólucro produzido com fios de seda que ajuda manter os ovos unidos, mantendo as condições adequadas de umidade e temperatura e conferindo proteção contra parasitoides. Em alguns casos, os filhotes podem habitar a teia materna por toda a vida, como ocorre em algumas espécies de aranhas sociais.

A nutrição da prole promove o atraso na dispersão e reduz as taxas de canibalismo entre os filhotes. Sendo assim, em aranhas, a produção da ooteca e a alimentação dos filhotes são investimentos essenciais para a sobrevivência da prole, garantindo o sucesso reprodutivo da espécie. Muitas espécies de aranhas constroem abrigos para sua prole enrolando folhas e as selando com seda. Enquanto a mãe está cuidando da prole, ao capturar uma presa na teia, ela enrola a presa e a traz próxima ao abrigo. Uma vez que a presa esteja enrolada na teia e próxima ao abrigo, a mãe abandona a presa e os filhotes saem do abrigo para se alimentar, assim, é provável que a mãe não se alimente dessa presa. Esse comportamento pode gerar consequências negativas para a fêmea, pois, provavelmente a mãe se alimenta menos, e o investimento energético na captura da presa não é recuperado. Dessa forma, o cuidado parental em aranhas demanda um alto custo energético. Quando os filhotes se tornam sub adultos, a mãe abandona a teia. Um salve para essas mãezonas incríveis!



Avilés, L., 1997, Causes and consequences of cooperation and permanent-sociality in spiders, pp. 476-498. In: Choe, J. & Crwpi, B. (eds.), The evolution of social behavior in insects and arachnids. Cambridge: Cambridge University Press.


Gonzaga, M. O., A.J. Santos & H.F. Japyassú. 2007. Ecologia e comportamento de aranhas. Rio de Janeiro: Interciência.



Texto: Mariana Abrahão - Bióloga, Mestre em Ecologia e Evolução - UERJ

Doutoranda em Ecologia - UFU


Cuidado parental em Peucetia sp. (Oxiopidae).

Imagem: Mariana Abrahão

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