Os meliponíneos, também conhecidos como abelhas sem ferrão, possuem um ferrão atrofiado, sendo assim, incapazes de ferroar. Também são conhecidas como “abelhas indígenas” ou “abelhas nativas” em virtude da criação dos indígenas, realizada por muitos séculos. Esses insetos pertencem à ordem Hymenoptera, família Apidae, dispostas em dois grandes grupos: Meliponini e Trigonini. Apresentam tamanho que varia de muito pequeno a médio. No Brasil são conhecidas mais de 400 espécies de abelhas sem ferrão. Organizam-se em colônias que variam entre 100 a 100.000 indivíduos. Algumas se adaptam ao manejo, outras não.
Algumas das espécies mais conhecidas são: Uruçu (Melipona scutellaris); Uruçu-Amarela (Melipona rufiventris); Iraí (Nannotrigona testaceicornes); Jataí (Tetragonisca angustula); Mandaçaia (Melipona mandaçaia); Mirim Droryana (Plebeia droryana); Borá (Tetragona clavipes) e Arapuá (Trigona spinipes).
As abelhas sem ferrão apresentam hábitos de nidificação variados e com grande complexidade estrutural. Os sítios de nidificação dos meliponíneos mais frequentes são cavidades pré-existentes, tais como ocos de árvores, fendas de rochas, cavidades nos solos e interiores de cupinzeiros, podendo existir ninhos expostos ou semi-expostos.
A importância dos meliponíneos vai muito além dos benefícios econômicos, oriundos da produção de mel e própolis. Estas abelhas são os principais polinizadores das espécies tropicais, com participação em 40 a 90% na reprodução das plantas nativas. São os polinizadores mais importantes para a reprodução da maior parte das angiospermas. Estima-se que aproximadamente 73% das espécies vegetais cultivadas para nosso consumo sejam polinizadas por alguma espécie de abelha. Além da polinização, as abelhas sem ferrão podem apresentar papel estratégico na reconstituição de florestas tropicais e conservação de remanescentes florestais, além de atuar como bioindicadores da qualidade ambiental.
Para que possam reproduzir-se, os meliponíneos precisam de hábitat que apresentem sítios de nidificação apropriados, materiais específicos para construção de ninhos e quantidade suficiente de fontes de alimento, ou seja plantas melíferas específicas. Assim, devido a ações antrópicas, os meliponíneos encontram-se fortemente ameaçados. A perda de hábitat, desmatamentos, queimadas e uso indiscriminado de agrotóxicos são os principais fatores apontados para a diminuição acentuada do número de ninhos no ambiente. Essa redução drástica da diversidade de abelhas sem ferrão tende a implicar diretamente na extinção de espécies vegetais nativas importantes em nosso ecossistema, gerando desequilíbrio ecológico. Se uma espécie-chave de planta perde seu polinizador, toda a estrutura da comunidade sofre mudanças drásticas. O serviço ecológico realizado pelas abelhas sem ferrão, e os demais grupos de abelhas, é essencial para a manutenção da diversidade vegetal e da flora nativa, e indiretamente, da fauna que dela se beneficia.
Para auxiliar na conscientização e na tomada de decisões das políticas ambientais e sociais, valores econômicos foram estimados para os serviços ecossistêmicos. Os serviços prestados pelo ecossistema equivalem, em média, a 33 trilhões de dólares por ano, sendo a polinização responsável por 112 bilhões destes.
Para diminuir o desaparecimento das populações de abelhas, muitas medidas se fazem necessárias. O conhecimento da flora meliponícola é imprescindível para o manejo de remanescentes florestais, de forma a implantar espécies melíferas nessas áreas para que pólen e néctar estejam disponíveis o ano todo, recursos essenciais para a manutenção e permanência das colônias de abelhas. Levar conhecimento para a população por meio de educação ambiental também é um ponto chave. A conscientização de que precisamos preservar as matas e até mesmo aquilo que está morto como ocos de árvores, troncos, barrancos, que servem de sítios de nidificação, fará com que os remanescentes florestais consigam sustentar populações viáveis e então manter o equilíbrio. A meliponicultura também é uma alternativa para manutenção dessas espécies, o que também contribui para a recuperação das florestas nativas.
As abelhas são responsáveis pela polinização de mais de 70% dos alimentos que consumimos, portanto a preservação das abelhas é vital para nossa própria sobrevivência, mas para isso, temos que conter o desmatamento, cobrar mais ação por parte dos órgãos fiscalizadores, fazer nossa parte para manter preservar o meio ambiente, que também é nossa casa.
Texto: Mariana Abrahão - Bióloga, Mestre em Ecologia e Evolução - UERJ
Doutoranda em Ecologia - UFU
Imagem: Sidney Cardoso
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As abelhas sao incriveis! Que importância espetacular ao ecossistema! Ótimo post!